O camelo, o dragão, o leão e a criança
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O camelo, o dragão, o leão e a criança


Esse texto tem como base o ideal descrito por Zaratustra e Nietzsche. Existe um livro chamado "Assim falava Zaratustra" do Friedrich Nietzsche, recomendo imensamente.

Não irei comentar sobre quem foi ou o que fez Zaratustra, pois não vem ao caso, porém caso queira saber mais sobre o mesmo, basta clicar aqui.

Zaratustra, comenta que a mente e espírito humano são divididos em três estágios, o camelo, o leão e a criança. O camelo é o estágio mais básico de todos, onde muitas pessoas nascem, crescem e morrem. O leão é o mais alto pico da mudança da mente e do espírito, é a rebeldia, é aquele que se rebela a tudo que foi imposto pela fase do camelo. Para se atingir este nível o camelo precisa matar um dragão, e depois disso, ele se torna um completo leão. A criança por sua vez, é a fase de espírito que o leão se torna quando está adormecido, sendo também idealizado como a pureza, após a subserviência do camelo e a rebeldia do leão. O que acontece, é que a criança é pura, mas não burra ou ingênua, portanto as pessoas no mais alto nível da mente e espírito oscilam entre a criança e o leão.

Ok Estagiário, mas o que são estes estágios ?

O estágio do camelo é conhecido por ser um momento em nossas vidas, que somos sobrecarregados de informação, deveres, e obrigações, coisas que nos são impostas, sem nosso consentimento e muito menos sem nossa vontade. Assim como o camelo, também conhecido como "besta de carga", somos dóceis, não falamos nada, não nos revoltamos, apenas aceitamos nosso "destino" de que somos obrigados a aguentarem esses fardos.

Mas o que seriam estes fardos?

Seriam todos os "você deve".

Você deve ir a escola.
Você deve ir a faculdade.
Você deve arranjar um emprego.
Você deve namorar e casar com uma mulher.
Você deve ter filhos.
Você deve ser passivo nos atos contra você.
Você deve...
Você deve...
Você deve...

Dai você pensa... Ah, mas isso são coisas que eu escolhi... Não, você não escolheu. Neste momento você não tem escolhas próprias... Você acha que são escolhas suas, mas não são, porque são fardos que já tinham sido colocados em você, a única coisa que diferencia é se o fardo é de soja ou de milho, pois não importa a sua escolha, ele continuará sendo um fardo em suas costas.

A primeira vista parece que este estágio só há coisa ruim, mas não é bem assim... Precisamos carregar estes fardos para saber o real gosto do trabalho, por assim dizer. Como podemos nos deliciar do sabor da água se não sabemos o gosto salgado do suor? Como podemos saber o quão maravilhoso é o som de uma sinfonia se não sabemos o barulho das máquinas no trabalho? Portanto, apesar de doloroso, este estágio é muito necessário em nossas vidas.

O maior problema deste estágio é que, devido a necessidade de ser passivo, as pessoas se tornam acomodadas e sofrem de algo chamado estagnação. Elas acham que a vida de carregar fardos e mais fardos é a obrigação delas, o que significa que não procuram entender o motivo pelo qual os fardos são colocados em seus ombros, pois assim como os camelos, preferem apenas serem guiados por terceiros do ponto A ao ponto B. E então eles vivem assim como os camelos, sempre carregados de fardos, vagando pelo deserto, apenas esperando pela morte.

Dos dezessete aos vinte e poucos anos, nós camelos, bestas de carga, somos largados no deserto com nossos fardos, para trilhar o caminho que nos foi ensinado. Então, nós andamos e andamos. Porém, em algum momento da vida, encontramos um Dragão, e o nome dele é, "Você irá fazer". Este Dragão nos acompanhará por toda a vida. É nosso dever matar este Dragão para que possamos nos tornar um leão.

Então, por anos e anos, você irá ouvir essa frase, "Você irá fazer"... Até que em um certo ponto da sua vida, você irá parar e se perguntar... Será que todo este fardo colocado em minhas costas, está me ajudando ou está me atrapalhando? Pronto, você desferiu o primeiro golpe no dragão. A dúvida, a rebeldia, o "Não", são as armas para matar este Dragão. Dia após dia, questionamento após questionamento, você vai matando lentamente este Dragão. E no dia que ele gritar "Você irá fazer", e você jogar todos os seus fardos no chão, olhar nos olhos dele e dizer em bom e alto som o seu "NÃO", neste dia, como um relâmpago, você virará um leão pois terá matado o Dragão.

Como dito anteriormente, o leão é o pico da mudança, pois nada conduz o leão. Ele vive por si mesmo. Ao contrário do camelo, que tinha comida e água sempre que quisesse, o leão não possui nada, mas ao mesmo tempo é livre. Livre para poder escolher que caminho trilhar, o que fazer, quando fazer e aonde fazer. Este leão, transformado pela morte do Dragão, é totalmente independente, mas também é a fúria no seu modo mais cru, porque após tantos anos de servidão, o leão percebe que aqueles fardos colocados nele quando camelo apenas o deixavam cego, ele não conseguia perceber que a vida é muito mais do que apenas andar carregando fardos até a morte, por isso a rebeldia. Neste momento, ao conseguir enxergar o mundo do jeito que ele realmente é, lindo mas imperfeito, grande mas hostil, nós começamos a realmente decidir o que queremos em nossa vida, sem necessidade de se ter permissão ou aceitação tanto da sociedade quanto de qualquer um que não seja você mesmo.

Somos livres, mas ao mesmo tempo reféns de nossa ira e da nossa revolta. Neste momento estamos abertos a tudo o que acontece em nossa vida, aqui, é onde mudamos nossas amizades, trilhamos diferentes caminhos, deixamos amarras do passado, conhecemos novas pessoas, ganhamos mais conhecimento, mas ao mesmo tempo, é o momento em que somos moldados a ferro e fogo, pois todos os sentimentos se tornam mais vivos. Os momentos felizes são quase que um Nirvana em nossa vida, assim como os momentos de dor e agonia, parecem que vão nos afundar em completo desespero. O ódio e a raiva dão lugar a felicidade e a tristeza, a dor e a alegria, a agonia e a paz.

Os sentimentos se tornam tão puros que perdemos a noção de preço e começamos a perceber o valor nas coisas. Cada gota de suor escorrida na testa, cada gota de sangue e cada lágrima que escorre. Quando essas três gotas se encontram, normalmente soltamos um urro, como o rugido de um leão, as vezes de felicidade de ter conseguido um objetivo, mas muitas vezes de ter tropeçado em algum detalhe ou em alguma pessoa que achávamos que nunca ia nos deixar cair.

O leão é o orgulho, mas não o ego. Apesar de muitos acharem que ambos são a mesma coisa, eles são algo totalmente diferentes. O ego é um subproduto da opinião alheia, isso significa que você precisa ter uma certa aceitação das pessoas, coisa que o leão não precisa. O orgulho é diferente, é a dignidade que se sobressai, é a aceitação pessoal pelo que você é. Por isso que aqueles que estão presentes nesse estágio sente orgulho do que são, do que fazem e do que já fizeram. Um orgulho tão exacerbado que muitos os consideram prepotente, porém aqueles que assim o acham, são os camelos, pois os leões entendem o fervor do orgulho, e as crianças compreendem que é necessário isso para que se tornem melhores algum dia.

Com o passar do tempo, a nossa rebeldia, a nossa ira, vai se diluindo. Nosso orgulho ainda é demonstrado sempre que possível, mas não mais com tanto fervor. Quando isso acontece, nos transformamos em outro ser, o estágio final do nosso espírito e mente, que é a criança.

Se o camelo é o pico da subserviência, o leão o pico da rebeldia, a criança é o pico da pureza, sinceridade, autenticidade e receptividade. É aquela pessoa que irradia paz de espírito. Aquela pessoa que você sabe que se um dia lhe fizer um favor, o fará de coração, sem pedir nada em troca. A criança é como um andarilho, que vaga pelas vidas das pessoas trazendo uma luz. Nós normalmente conhecemos ao menos uma pessoa assim. Mas cuidado, não confunda receptividade e sinceridade com ingenuidade, pois aquele que confunde, normalmente desperta o leão na criança, e quando despertado, perceberá que pra tudo nessa vida há limite, até mesmo para a pureza e paz.

A criança não tem medo de acreditar, não tem medo de se machucar. Ela confia tanto nas pessoas quanto nas coisas que faz. Sabe que há a possibilidade de algo dar errado, compreende e aceita os riscos, pois entende que nada de bom vem sem se arriscar. Não há felicidade sem se arriscar a ficar triste, não há paz sem se arriscar a uma guerra. A criança, pode parecer um tanto quanto tola, aos olhos do leão e do camelo, mas ela sabe e compreende como funciona a vida.

Estes são os três estágios da mente e espírito de acordo com Zaratustra. E hoje lhe pergunto, você é um camelo, um leão ou uma criança?



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