Estudos setoriais das ações [Parte 05]
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Estudos setoriais das ações [Parte 05]


Acredito que este seja o último post da série Refinando a estratégia, não direi com certeza pois existem muitos comentários que quero fazer, mas necessitam de tempo de estudo antes de tocar no assunto.

Neste post vamos falar de um tema que foi motivo de bastante comentário no post passado. Vamos falar sobre o beta de uma cateira.

Quero deixar aqui meu muito obrigado a todos que contribuíram com os comentários no post anterior, principalmente aos que foram contra a minha opinião pois esses normalmente ajudam agente a buscar mais conhecimento para defender nossa posição ou ainda trocar de opinião após um debate.

Vamos começar com o Beta.

O que é o beta ?

"Este índice mede a variação de uma ação em relação a uma carteira de mercado, perfeitamente diversificada. No caso brasileiro, o IBOVESPA é utilizado." - via Wikipédia.

Isso significa que seria a relação entre o IBOV e uma determinada carteira. É utilizada por alguns estudiosos para medir o "risco" que uma carteira tem em relação ao IBOV. Basicamente, se uma carteira tem o beta abaixo de 1, significa que ela varia menos que o IBOV, consequentemente isso a torna uma carteira "defensiva" (lembrando que as palavras entre apóstrofos são palavras utilizadas por outros autores, e que podem ter diversas definições, muitas vezes contraditórias).

Existem diversos cálculos para o beta, no meu post anterior utilizei um dos métodos mais simples que temos.

Para este post eu fiz uma análise mais aprofundada do beta, segue abaixo os dados e padrões utilizados:

Para fins de estudo, utilizei uma carteira com cinco ativos, PETR4, VALE5, CMIG3, ITUB4, BVMF3. Cada um dos ativos tem uma participação de 20% na carteira montada para a análise.

Fiz beta das ditas ações no período que vai de 02/01/2009 a 31/12/2010, totalizando 503 pregões.

Os resultados dos betas foram:

PETR4: 0,9716 (confiabilidade : 67,03%)
VALE5: 1,2030 (confiabilidade : 77,98%)
CMIG3: 0,2723 (confiabilidade : 3,87%)
ITUB4: 1,0028 (confiabilidade : 57,35%)
BVMF3: 1,2105 (confiabilidade : 53,90%)
Carteira: 0,9320

Ou seja, se o IBOV variar 1% nossa carteira irá variar 0,9320% apenas. Isso a transforma em uma carteira "defensiva".

Para tornar o resultado mais fiel utilizei os dados do dia 04/01/2010 a 30/12/2011 para verificar a variação de ambas as carteiras. Isso significa que vamos verificar como seria se uma pessoa tivesse feito o beta de uma carteira antes do dia de avaliação. Utilizamos dois anos de pregão para encontrar o beta, e agora utilizaremos também dois anos de análise da variação para percebermos se realmente o beta acompanha a cotação.

No período analisado pude concluir os seguintes dados:

A média simples entre a variação da carteira no tempo de 04/01/2010 a 30/12/2011 foi de 0,9826. Se analisarmos ambos os valores vamos ver que estão bem próximos, com uma diferença de 0,0506 ou 5,06% do beta calculado e do beta real. Isso significa que o beta tende a respeitar o valor encontrado.

PORÉM...
Se no dia 04 de janeiro de 2010 um investidor aplicasse R$100.000,00 na carteira, e R$100.000,00 em fundos atrelados ao IBOV, sem contarmos os rendimentos através de jscp, dividendos e afins, nem as taxas de corretagens, teríamos no dia 30 de dezembro de 2012 os seguintes valores:

CARTEIRA: R$99.299,99
IBOVESPA: R$83.007,78

Enquanto o IBOV rendeu -16,99%  nossa carteira rendeu -0,70% . Mas como isso ocorreu, já que o beta deu 0,9826 ?

Em teoria, nossa carteira deveria render 98,26% do IBOV, ou seja, ela teria um prejuízo de 16,69% ao invés de apenas 0,70%. Como isso é possível ?

Simples, o beta foi calculado através de média simples entre a diferença entre a variação da carteira e do IBOV, e a carteira sofreu da mais poderosa máquina do mundo, o juros composto. Por este motivo tivemos essa divergência.

Então podemos dizer que o beta pode sim mostrar a variação do papel ao longo do tempo com uma certa precisão, mas se compararmos o resultado inicial e o resultado final juntamente com o beta, nada podemos tirar de conclusão no longo prazo.

Por fim, podemos chegar a uma conclusão:

Em uma carteira a longo prazo, de nada adianta a verificação do beta. Ele não irá nos ajudar em nenhuma análise. O beta verifica somente o preço de mercado de alguns ativos, a última coisa que um investidor irá olhar em uma ação no longo prazo.
Outro ponto a destacar, é que o investidor de longo ou médio prazo, não está preocupado com o valor do IBOV em determinada semana ou em determinado mês, pois normalmente o mesmo faz aportes regulares mensalmente, e isso já elimina uma boa probabilidade de se ter um papel comprado em um momento ruim, visto que conforme as compras vão acontecendo, o preço médio do ativo se equilibra e força as compras nos topos e fundos a um preço médio justo.

Resumindo em uma frase: Esqueça o beta ao analisar uma carteira de longo prazo.


É isso ai.

Uta!



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